Por Tulnê Vieira (diretor técnico da Data A Soluções em Previdência), com a colaboração de Marina Vieira Fabro (diretora executiva da Data A Soluções em Previdência).
Para entender o porque não vender ativos na crise, devemos lembrar que os investimentos das entidades de previdência (Fundos de Pensão/EFPCs) são feitos considerando o prazo e a necessidade de pagamento dos benefícios. Os Fundos de Pensão seguem uma Política de Investimentos aprovada pelo Conselho de Deliberativo que define os ativos no qual os recursos são aplicados. São ativos de curto, médio e longo prazo, por exemplo: letras do Tesouro Nacional, ações, debentures etc.
As coisas no mundo são cíclicas. Há momentos de estresse em que o mercado como um todo sofre com crises que afetam a economia, como é o caso agora, com o coronavírus. Após passado períodos de estresse, o mercado se recupera. Por isso, devemos ter cautela, calma e resiliência nesses momentos, para não queimarmos nossos ativos por atitudes desesperadoras.
É muito comum as pessoas raciocinarem o inverso do mercado, comprando títulos na alta e vendendo na baixa. Cada vez que se faz um movimento desses, principalmente vendendo na baixa, o tempo de recuperação e o esforço financeiro dobram para recuperar o que foi perdido.
Um exemplo muito clássico é o caso de pessoas que vendem imóveis e carros para comprar ações quando a bolsa está no pico de alta. É o chamado efeito manada. Todos querem ficar ricos de última hora. Aí surge uma adversidade na economia, o mercado despenca, estas pessoas ficam apavoradas porque vem seus ativos “derreterem” e saem vendendo a qualquer preço. As “águias” estão só esperando e compram tudo a preços irrisórios. O mercado sobe. Os emotivos ficam pobres e os racionais “ricos”.
Os grandes investidores e os magnatas do mercado ficam cada vez mais “ricos”, pois atuam sempre de forma inversa a das pessoas desesperadas, isto é, comprando na baixa e vendendo na alta.
Os fundos de pensão têm políticas de investimento que visam resguardar o patrimônio dos participantes. Os gestores de recursos são profissionais e técnicos que atuam com cautela e racionalidade. Devem estar sempre atentos aos movimentos do mercado, preservando a poupança previdenciária, cuidando do interesse do participante e seu maior propósito – o de pagar benefícios.
Quando agem assim, deixam de lado a emoção e atuam com a razão. Cuidam da sua responsabilidade pessoal como dirigentes (com seu CPF), mas sem deixar de proteger o participante. Por isso, devemos manter a calma e acompanhar com racionalidade as movimentações que eles fazem e que com certeza irão tomar a melhor decisão. Todo o mercado está em crise por causa da pandemia. Depois da tempestade vem a bonança. Vamos ter resiliência e agir com racionalidade. Assim, todos sairemos vencedores lá na frente. Se os nossos gestores deram bons resultados com a economia em franco desenvolvimento, assim que ela se recuperar desta pandemia com certeza vamos recuperar a rentabilidade negativa e nossos ativos estarão preservados.
Espero que este artigo tranquilize aos participantes ao verem as rentabilidades baixas, zeradas – ou mesmo negativas – e tenham confiança que os gestores profissionais (e de qualidade) dos planos estão fazendo o melhor para que tenhamos o nosso patrimônio preservado. A rentabilidade negativa será recuperada. É como disse: vamos ter paciência. A razão sempre é vencedora no mercado financeiro.
Cuidem-se – e saúde!
Forte abraço e uma ótima semana.
Tulnê Vieira